sexta-feira, 31 de julho de 2009

... Decoração? E se fosse a cabeça de uma pessoa seria crime!





Cárcere privado.



Violência no mercado.



Animal Instinct - The Cranberries

Suddenly something has happened to me
As I was having my cup of tea
Suddenly I was feeling depressed
I was utterly and totally stressed
Do you know you made me cry
Do you know you made me die

And the thing that gets to me
Is you'll never really see
And the thing that freaks me out
Is I'll always be in doubt
It is a lovely thing that we have
It is a lovely thing that we
It is a lovely thing, the animal The animal instinct

So take my hands and come with me
We will change reality
So take take my hands and we will pray
They won't take you away
They will never make me cry, no
They will never make me die

And the thing that gets to me
Is you'll never really see
And the thing that freaks me out
Is I'll always be in doubt

The animal, the animal, the animal instinct in me
It's the animal, the animal, the animal instinct in me
It's the animal, it's the animal,
It's the animal instinct in me (2x)

A garrafa de vinho.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Escolha a sua droga preferida e seja feliz.

Amor,
Sexo,
Família,
Religião,
Televisão,
Computador,
Arte,
Música,
Emprego,
Cirurgia,
Tatuagem,
Álcool,
Cigarro,
Calmante,
Maconha,
Outras drogas ilícitas,
Futebol,
Poesia,
Doces,
Putaria.
Tudo o que vicia.
Tudo o que alivia.
O que acalma,
prende e liberta.
Viver sem dor e agonia.
Esquecer de si.
Esquecer os problemas do mundo.
Esquecer que o ser é o mundo.
Ignorar, se dopar e seguir.

Você está qualificado para ingressar no mercado de trabalho?

"Estude bastante para ser alguém na vida."
"O cliente tem sempre razão."
"Propaganda é a alma do negócio."
"A primeira impressão é que fica."
"Seja educado e seguro."
"Mostre ao entrevistador suas competências."
"Não diga gírias, nem fale palavrão."
"Como você pode colaborar para o crescimento da empresa?"
"Não pergunte o que a empresa pode fazer por você, mas o que você pode fazer para a empresa."
"Por que te contratariam? Qual é o seu diferencial?"
"Qual é a sua pretensão salarial?"
"Comece de baixo e vá sendo promovido."
"Seu trabalho, sua vida."
"Quantas pessoas queriam estar no seu lugar?"
"Dê valor ao seu trabalho."
"É necessário experiência."
"A meta é vender oitenta mil produtos por mês."
"Não temos vagas agora, mas pode deixar o seu curriculum."
"Nós entraremos em contato."

O Poder do livre-arbítrio.

É como se eu ficasse observando o precipício.
Deixando o meu corpo escorregar só um pouquinho.
Escorregar até sentir um pouco de medo.
E voltar correndo
com uma mistura de riso e de desespero.
Volto à posição original.
Agora com um pouco mais de cuidado.
Por um tempo esqueço a queda.
Fico de barriga para cima contemplando o céu.
Agradecendo por estar viva contemplando o céu.

Daqui a pouco anoitece.
Começa um silêncio ensurdecedor.
Como se houvesse vários olhos me observando,
várias vozes me corrompendo, me julgando, me exorcizando.
Fico de bruços levemente.
Devagar inclino-me ao precipício.
E observo a minha queda.
Meu sangue escorrendo.
Meu grito ecoando,
atraindo a atenção dos anjos.
Estes apenas lamentam a minha sorte, o poder do meu livre-arbítrio.

domingo, 19 de julho de 2009

Cartaz vegetariano 2.




Esse foi feito pelo Michel Silva, também conhecido por Michael Jackson - por motivos que talvez seja melhor não comentar. Obrigada amigo! A luta continua! Vegetarianos do mundo: Uni-vos! Go vegan!

(Observação: O cartaz também foi arrancado, mas não desisiremos!)

Cartaz vegetariano.




Bem, vamos à explicação do cartaz.
Ele é auto-explicativo.
...
:P
Algumas pessoas leram. E alguém muito incomodado arrancou o cartaz do mural.
¬¬
Mas não desistirei.
Aguardem os próximos capítulos.

O problema em tomar leite, o diálogo.

- ei, vc bebe leite?
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
É. Por um momento ocorreu-me a idéia de não mostrar-te mais bandas...
¬¬
É claro!
Que eu não tomo leite!
¬¬
- Jônatas diz:
kk
ai ai
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Não sou filhote!
O leite dos mamíferos é para os seus filhotes!
As vacas são engravidadas sempre para produzirem leite.
E assim que nascem, os filhotes são separados das mães.
Alguns são mortos.
Outros viram carne de vitela.
Enfim...
a vida é um produto.
A crueldade humana não tem limites.
Imagina o tanto de hormôno que tem no leite.
Quanto sofrimento.
Uma vida inteira só para produzir leite.
Para satisfazer um capricho!
Tanto líquido para beber!
Tantas frutas!
Tantos sabores!
Mas preferem explorar os outros.
Ignorando todo o sofrimento.
Porque é sofrimento alheio.
Um simples gesto.
Causa tanta dor.
...
...
- Jônatas diz:
vc percebeu o quanto escreveu?
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Qual é o problema?
- Jônatas diz:
nenhum
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Você perguntou e eu respondi.
Oras...
¬¬
- Jônatas diz:
é q sempre quando toco no assunto vc fica verborrágica
Dani
eu ebo leite
bebo*
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Quando foi que você tocou neste assunto?
¬¬
É uma pena paras as vacas.
- Jônatas diz:
eu te perguntei se vc bebia leite
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Para os bezerros.
E para a sua saúde.
O leite tem pus, água sanitária, amônia, água...
- Jônatas diz:
água tinha q ter né
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
¬¬
Mais água do que o normal!
¬¬
- Jônatas diz:
está
entendi
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Caso você não tenha percebida a diferença do leite de caixinha para o leite de saquinho, por exemplo.
O leite mesmo é muito gorduroso.
- Jônatas diz:
disso eu sei
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Para alimentar o filhote, sabe.
Tem os nutrientes que ELE precisa!
- Jônatas diz:
calma Dani
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Porque o leite produzido é para ELE.
Eu estou calma.
A vaca que é que deve estar estressada.
E o bezerro triste.
Ou morto...
Mas quem bebe não se importa com isso, não é?
- Jônatas diz:
lá vem vc com a história de não sujar as mãos
pois é
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
É! Eu não gosto do sangue dos outros nas minhas mãos.
- Jônatas diz:
dá pra ver q quem tem pelo menos um pouco de senso
sempre fica focado em atacar
algum determinado assunto
não q eu seja muito inteligente
mas há assuntos q me intrigam mais
e o seu é o vegetarianismo
eu penos mais nas questões artísticas
penso*
no comunismo
entre algumas outras coisas
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Juro que não entendi o que você escreveu.
- Jônatas diz:
deixa eu explicar
há pessoas q passam a vida inteira procurando argumentos contra algum assunto
há outras que procuram contra outros
vc sempre procura defender o vegetarianismo
Karl marx sempre procurou defender o socialismo
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
Hum...
E...?
- Jônatas diz:
e nada mesmo
só uma observação besta
pq vc vive me atacando com sarcasmo pq não sou vegetariano
"O valor à vida de cada animal pertence a ele próprio e não a nós." diz:
http://muconasalverde.blogspot.com/
É claro.
Quando você for vegetariano eu prometo que para com isso.
Ok?



(Dúvidas e reclamações nos comentários, por favor.)

sábado, 18 de julho de 2009

Lamento de um pássaro preso.

Minha vida é um quadro em preto e branco.
Há raras frestas de arco-íris.
Um arco-íris é feito de água e luz.
Não entendo o porquê da história do pote de ouro.

Meu céu é através das grades.
Vou de um lado a outro, mas não encontro a saída.
Durmo, como, bebo,
Espero o tempo passar.

Não canto mais,
só lamento.
Quem se importa com o meu sofrimento?
Quem se importa com a minha dor?

Sou tratado como objeto.
Comercializado,
colecionado,
condicionado.

Observo os pombos e os pardais
comendo lixo.
Fugindo das pessoas,
dos cães,
dos gatos,
dos carros,
dos meninos com estilingues e pedras.

Minhas asas atrofiadas.
Que pena não poder usá-las.
Que desperdício, meu Deus!
Roubaram minha liberdade!
Roubaram minha vida de mim.

Preso,
ignorado.
Sinto frio.
Sinto um vazio
de não viver como devia.

Jogo-me contra as grades.
A fim de acabar com elas
ou comigo.
Deus, me ajuda!
E tens misericórdia dos homens que me prenderam.
Leve-me ao céu das aves
para que eu possa voar por entre as estrelas.
Mergulhar no céu
e descobrir meu riso.
Justiça sendo feita,
não haverá mais o caos da humanidade.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

É natural, mas fede.

Tudo é muito natural. É como o mar
noturno, as ondas vão, as ondas vêm.
É como a cotidiana hipocrisia,
eu nem sei mais como se diz bom-dia.
É como o beija-flor querendo o sumo
da flor que entrega sem saber que dá.
É a gaivota planando, é natural,
o peixe que ela viu já foi-se embora,
desesperança alada, de perfil.
De frente é o olhar, que logo se desvia
da legião deserdada, é natural.
É a cascata descendo, é o girassol
humilde na esperança de uma luz
que lhe brinde o favor da poluição.
É tudo, tudo, muito natural.
A paloma cagando na cabeça
da princesa esculpida em solidão.
É como aquela antiga mão do índio
que eu vi tremendo na perfuratriz
num sovacão da mina boliviana.
É como a história natural das águas
que fazem dos rebojos o mau fim
dos homens que perseguem seringueiras,
destino duro do meu tio Joaquim.
É tudo natural na Venezuela:
o povo come ardências de óleo sujo
enquanto as autopistas te deslumbram
e forjas teorias on the rocks.
A solidariedade se transforma
em favor, os crimes em memória,
ninguém mais se comove e se acostuma
à dor da mordidura em pleno peito.
Quero voltar pro morro, é natural,
pois lá é que estão as curvas da chinela
da morena que um dia, fatigada,
queria mais, que eu fosse dentro dela,
como um rei, um brinquedo, uma agonia,
e então nós fomos juntos sendo a vida,
mas de repente a morte, é natural.
Tudo é tão natural, é como o céu
estrelado demais da minha terra
cobrindo o sonho opaco de um menino
- mordido de carapanã, caralho! -
que sequer sabe onde começa a fome.
As vozes do Salgueiro, na avenida,
porta-estandarte verde, me perguntam:
- E você sabe onde termina o céu?
E você sabe onde ermina a terra?
E você sabe onde termina o mar?
Canto que não, naturalmente não.
Tenho muitos mistérios misturados,
curtidos em salmoura fedorenta.
Alguns serão matéria de mercado,
como o meu coração que, tantas vezes
exposto esteve em campos de amapolas,
mas nunca foi comprado, é natural.
Outros serão caterva de alçapões:
químico, turvo, o mundo me penetra
pelos poros mais podres, me rebelo,
não posso me entregar. Homem do Atlântico
pasto da luz latino-americana,
conheço a petroquímica ao reverso:
um fogo que se entrega à atmosfera,
fedento triste e inútil, enquanto hormônios,
enquanto pernas, enquanto fervores,
na solidão soturna das cidades,
na entressombra dourada das favelas,
se abraçam procurando a primavera
numa chama que nunca vai jamais
erguer a liberdade, é natural,
desse escuro porão, refúgio do homem,
mordido pelo sol do escorpião.

Thiago de Mello.

As ensinanças da dúvida.

Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.

Agora (o tempo é que o fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.

Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor.

Thiago de Mello.

Como um rio.

Ser capaz, como um rio
que leva sozinho
a canoa que se cansa,
de servir de caminho
para a esperança.
e de lavar do límpido
a mágoa da mancha,
como um rio que leva,
e lava.

Crescer para entregar
na distância calada
um poder de canção,
como o rio que decifra
o segredo do chão.


Se tempo é de descer,
reter o dom da força
sem deixar de seguir.
E até mesmo sumir
para, subterrâneo
aprender a voltar
e cumprir, no seu curso,
o ofício de amar.

Como um rio, aceitar
essas súbitas ondas
de águas impuras
que afloram a escondida
verdade nas funduras.

Como um rio, que nasce
de outros, saber seguir,
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e construir o encontro
com as grandes
do oceano sem fim.

Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.
Como um rio.

Thiago de Mello.

Da eternidade.

Da eternidade venho. Dela faço
parte, desde o começo da vida
dos que me fizeram ser
até chegar ao que sou.
Transporto com a minha vida
a eternidade do tempo.
Menino deslumbrado com as águas,
os ventos, as palmeiras, as estrelas,
prolonguei sem saber a eternidade
que neste instante navega
no meu sangue fatigado.


Thiago de Mello.

Monólogo do índio.

Perdido de mim, não sei
ser mais o que fui e nunca
poderei deixar de ser.
De mim me perco e me esqueço
do que sou na precisão
que já tenho de imitar
os brancos no que eles são:
uma apenas tentativa
inútil que me dissolve
na dor que não me devolve
o poder de me encontrar.
Já deslembrado da glória
radiosa de conviver,
já perdido o parentesco
com a água, o fogo e as estrelas,
já sem crença, já sem chão,
oco e opaco me converto
em depósito dos restos
impuros do ser alheio.
Resíduo de mim, a brasa
do que fui me reclama,
como a luz que me conhece
de uma estrela agonizante
dentro do ser que perdi.

Thiago de Mello
"O homem comum é exigente com os outros O homem superior é exigente consigo mesmo".
Marco Aurélio

Romance de Salatiel.

I. O velório
Se foi triste, se não foi,
se gostou de olhar o azul,
se sofreu por desamor,
se digeria a contento,
se procurou Deus (achou-o?)
não conta mais.

Salatiel
Já é matéria sem ganga,
que se oferta, horizontal,
aos olhares e aos pesares.

Chegam vizinhos, amigos
de longa data, parentes
trajando roupas de festas.
E ao penetrarem na sala,
onde Salatiel repousa
de todos os cansaços,
esquecem-se de si próprios
ou porventura se encontram
com total exatidão:
o rosto bêbado é sóbrio,
o folgazão, compungido,
os sempre austeros ensaiam
gestos suaves e os tristes
disfarçam sua tristeza.

Mas Salatiel defunto
adorna o meio da sala
sombria, apesar das flores,
sem nem perceber, que pena
que o gordo senhor de óculos
veio lhe pedir perdão
por malquerenças antigas,
um vulto esguio num canto,
a recordar o colóquio
que teve com o morto, um dia,
chuvoso, em antiga praça,
e desse encontro conserva lembrança em forma de flor,
de sombra do foi flor
que perdura, delicada,
entre as páginas de um livro
de poemas de amor eterno,
do seu barbeiro, contrito,
que lhe contempla o bigode,
a barba espessa, azulada,
e lembra canção de infância
contando que o capinzal
é cabeleira de mortos.

Pelas narinas do morto,
que já não sentem o aroma
do café que corre a sala,
penetra o velado som
dos faladores incautos:
cada qual lembra seus mortos,
todos bons, quase perfeitos
em sua humana condição,
imperfeitos, porque humanaos,
mas isentos da soberba.

Depois cambiam de tema:
falam de jogos, de guerras,
comentam velhas intrigas,
fazendo sempre um parêntesis
para louvar as virtudes
de quem foi Salatiel.
Que já não é. Suas orelhas
são búzios côncavos, secos.

Ah, Salatiel, se visses
a ternura de teu filho,
de todos o mais rebelde,
que regozijo seria.
Com quanto zelo ele muda
as velas dos castiçais
e espanta - no gesto, afago-
a mosca da tua boca.

Mas Salatiel não vê.
Como também não percebe
as filhas arrematando
com seus soluços ritmados
o choro seco da mãe
que, em seu respeito ao defunto,
repele os erros furtivos,
o desamor não contado
e o desapreço profundo
de saber-se repartida
que lhe voltam à memória,
já se dissolvem no pranto
e o purificam.

II. O sepulcro
Na clareira de treva
em que o tempo não conta
e onde o brilho de luas
afoga-se em argila,
os vermes já circundam
a carne recém-vinda.
Abraçam-na com júbilo
de seres separados
que afinal se reencontram
e este abraço revela
um sutil parentesco:
não aquele que implica
em um correr de hormônios,
certas cumplicidades
pobres conquanto físicas
e que o tempo desgasta
e em lembrança converte.
Outro, porém, mais fundo,
que elimina a distância
do que, por ser minguado,
alonga-se no sonho,
ao exato minério
feliz em seu contorno:
e brandamente reúne
a besta que se entrega
a êxtases promíscuos
e o que de amor constrói
sandálias adequadas
para a longa excursão,
numa aventura só
de crescer e acabar
e aguardar, entre sombras,
que a mão cega do mundo
vá recompondo as cinzas.

e com um linguajar
que só as coisas entendem
os vermes confabulam
acerca do destino
deste novo parente
que, aos poucos, se devolve
ao útero da terra.

III. Epílogo
O dono de tal carne, todavia,
conhece a paz de canto em que se evola
de garganta demasido tensa.
Liberto dos enredos da memória,
isento de esperança, ele palmilha
os caminhos abstratos, modulados
em matéria de além, de sono puro.

Salatiel não-sendo desconhece
a exata perfeição do que não é
e integra-se à paisagem absoluta
onde nem sombras há das três colunas,
suportes do planalto que assegura
o repouso dos deuses fatigados:
consante prolongar do sétimo dia.

O outrora sonhador de galardões,
que passeou pelo bosque dos enigmas
e entregou-se a engenhos intrincados
como o de mergulhar na própria luz
e de lá regressar sujo de treva,
ou do chão mais rasteiro para erguer montanhas,
exerce, então, mister dos mais humildes:
Salatiel não sendo já faz parte
do azul na arquitetura do vazio.

Thiago de Mello.

Ando a esmo.

Ando tão abatido.
Abatido e de ponta a cabeça.
Ando a esmo.
Percorro o espaço e o tempo.
Andarilho sem mapa e sem proteção.

Sozinho e ferido,
a realidade não tem compaixão.
Nem nas escolas,
Nem nos hospitais,
Nem nos lugares,
Nem nas prisões.

Em todo canto, tudo.
Em cada palavra, mudo.
Surdo, o silêncio me distrái.

Contrario os meus caminhos.
Duvido dos avisos.
Sem dinheiro, amor e otimismo,
Existo.
Como um poema sem rima e sem fim.

Meu coração lamenta.

Você nunca esteve comigo.
Eu sempre estive com você.
Você não me deu abrigo.
Eu abri todas as portas para você.

Você só brincou comigo,
Mesmo assim gosto de você.
Meu coração lamenta
No canto de um pássaro preso.

Você me ofereceu desprezo.
Nunca lhe tive.
Então é melhor perder você.




Dedicado à Luana, ao Thales e a mim.

Sempre Não é Todo Dia.

Composição: Oswaldo Montenegro / Mongol

Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Olhei pro meu espelho e ah....
Gritei o que eu mais queria
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia

Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia

Eu que já sabia tudo
Das rotas da astrologia
Dancei e a cabeça tonta
O meu reinado não previa
Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Botei o meu nariz a postos
Pro faro e pro que vicia
Senti teu cheiro na semente
Que a manhã me oferecia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia

Flores Astrais

Composição: João Ricardo / João Apolinário

Um grito de estrelas vem do infinito
E um bando de luz repete o grito
Todas as cores e outras mais
Procriam flores astrais
O verme passeia na lua cheia

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Síndrome do camaleão esconde crise de autoestima.

Medo de rejeição e insegurança incomodam quem vive mudando o visual


A cada semana, uma nova cor de cabelo. Por mês, mais da metade do salário fica no salão de beleza (onde novos cortes e tratamentos são experimentados, e descartados, sem nenhuma cerimônia). O vai-e-vem na aparência, no entanto, revela mais do que preocupações com a vaidade: pode ser sinal de insegurança e dificuldade de ser aceito pelos outros.

"As pessoas que não toleram a própria aparência sofrem com crises de autoestima. Mas mudanças constantes no visual são uma tentativa de reverter esse quadro", afirma o psicoterapeuta Chris Allmeida, especialista do MinhaVida. O problema, no entanto, não é estético. Trata-se de um mal-estar interno, que não vai ser resolvido com a tesoura ou com pinceladas de descolorante. "Estamos falando de uma inadequação, típica de pessoas que não sabem valorizar a própria opinião e vivem continuamente em conflito, temendo a reprovação alheia", afirma Chris Allmeida.

Mudando demais o visual
Antes que você entre em crise, calma: é normal sentir vontade mudar a aparência e ficar feliz quando sai de casa com o cabelo novo ou compra uma peça de roupa especial. O problema não está nas simples mudanças do dia a dia, mas sim em jamais ficar satisfeito com as transformações, como se elas não fossem suficientes. O psicoterapeuta lembra que, para diferenciar um caso grave de um acesso de vaidade, é só refletir sobre a motivação que gera a mudança. "Não há nada de errado em querer parecer mais bonito. Mas se você nunca está confortável com o que vê no espelho, por mais que invista na estética, é hora de procurar ajuda de um psicólogo', afirma.

A falsa feia
Viver escondida atrás de roupas largas, deixar os cabelos super bagunçados ou nunca se preocupar com o figurino também é uma característica de pessoas que não aceitam a própria imagem. Esse seria apenas um sintoma diferente do mesmo problema de aceitação enfrentado pelas pessoas que gastam o que podem(e o que não podem) com a estética.

De acordo com o especialista, a autoestima é a principal afetada nesses casos. "Não cuidar da própria aparência é como desistir da própria imagem. As pessoas que agem dessa maneira não acreditam que podem ser atraentes e, por isso, abandonam os cuidados pessoais",diz. O desleixo com o corpo, segundo o especialista, é só um dos sinais da fala de amor próprio e da dificuldade em assumir a aparência, o que, a longo prazo, pode se transformar num quadro depressivo , explica.

Preocupação feminina
Apesar de afetar homens e mulheres, o dilema de aceitação ainda afeta mais o público feminino. "Elas se comparam mais umas às outras e, por isso, apresentam um nível maior de insatisfação. Para muitas, a mulher perfeita sempre vai ser a outra, alimentando um ciclo de queixas e insatisfação que nunca termina", afirma Chris. No limite, até um médico deve ser procurado (para lidar com os excessos que dão origem à anorexia e outros distúrbios de imagem). Há casos de pessoas que chegam a se privar da vida social por problemas de baixa autoestima.

"Quando a imagem que a pessoa tem de si mesma é negativa e ela não se julga mais atraente ou interessante, a reclusão surge. O paciente tem vergonha de se expor em público, por sentir que é inadequado. Contra isso, não há mudança estética que resolva e a orientação de um psicólogo é necessária", afirma Chris Allmeida. "O trabalho vai ajudar no resgate da autoestima e também trabalhar os sentimentos de confiança e aceitação, sem tanta dependência da aprovação externa".

Fonte: http://yahoo.minhavida.com.br/materias/bemestar/Sindrome+do+camaleao+esconde+crise+de+autoestima.mv

Recordações 1.1

Quantas vezes eu esperei que você correspondesse aos meus abraços?
Quantas vezes eu esperei que você me chamasse? Eu disse que iria.
Que me dissesse que escreve para mim.
Que me dissesse o que sente por mim.
Mas você não diz...
Você se esconde.
Eu tento saber o que se passa na sua cabeça.
Mas você está muito loge.
Quantas vezes fiquei até tarde no msn esperando você chegar?
E quando você aparece, eu não sei que acontece!
Um sorriso espontâneo surge na minha cara.
Fico esperando você dizer "Olá!".
Quando você demora a dizer eu sei que você está triste.
Ou então tem algo melhor para fazer... E fico me perguntando por que você não conversa comigo.
Às vezes quero dizer "até logo".
Às vezes quero dizer "até nunca mais".
Eu só digo boa noite.
Mas quando estou com você não quero dizer "tchau".

Recordações1

Não havia notado a presença dele até aquele dia. Não sei de onde ele surgiu, mas fiquei encantada. *_*
Percebi na hora que ele não sentiu o mesmo, mas isso não mudou o que eu sentia.
Depois daquele dia passamos a nos encontrar mais vezes na escola. No intervalo, na saída, eu o ouvia atentamente. Mas parece que sempre aparecia alguém para atrapalhar nossas conversas. ¬¬
Às vezes era ele mesmo quem dizia que tinha que ir embora, tinha muito trabalho para fazer. Isso me chateava por ele ir, por ser tão responsável e por eu me sentir abandonada, como se a minha presença fosse descartável.
Cabulei algumas aulas importantes para conversar com ele depois do intervalo. Foi em uma dessas conversas que ele me disse que tinha namorada. :0
...
Tudo bem, mas depois disso nos distanciamos mais e mais.
Eu lia o blog dele com frequência. Escrevia comentários anônimos. Na verdade, eu e minha amiga. Duas leitoras anônimas que acabaram se identificando por insistência do autor dos textos.
Depois disso ele namorou com diversas outras garotas, pelo menos foi o que pareceu.
Durante um tempo esqueci dele. Mas eis que o acaso nos reencontrou. Eu estava esperando um ônibus para ir para casa quando ele veio andando em direção à faculdade. Eu quase não acreditei! Pareceu um sonho... Nos abraçamos, ele me deu um beijo no rosto. Depois conversamos pelo msn... Eu decidi dizer o que sentia por ele. Mas ele disse que queria ficar sozinho! ôÕ
Um tempo depois estava namorando de novo! ¬¬
Quando eles terminaram ele ficou muito abatido. Tentei fazer alguma coisa. Fiquei muito agoniada com o abatimento dele. Espero que tenha melhorado. Aliás, ele melhorou! Parece que já está em outro relacionamento.
Eu cansei! E mesmo depois de ter me convenciso disso, sonhei com ele duas vezes.
Uma vez, perguntei a algumas pessoas se as mulheres gostam de sofrer. Disseram-me que os homens também sofrem, mas não demonstram.
Venci o meu orgulho, acho que quase me humilhei...
Parei. Nem sei se quero mais conversar com ele. Mas sei que se o encontrar de novo esse "encanto" virá à tona novamente.
Mesmo depois de tantas discussões inúteis pelo msn, mesmo depois de tanta frieza e falta de sensibilidade com o que eu sinto.
Mas uma vez emoção e razão estão em lados opostos.
Fim?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Um elefante preso pelo barbante

Apanhei,
Bati.
Fui mordida,
mordi.

Alimentei meus demônios
com sangue,
egoísmo e preguiça.

Fiquei quieta,
quieta demais.
Atrofiei.
Embruteci.

Cheguei ao desespero
e quase caí...
Uma queda profunda,
talvez sem volta.

"O que estou fazendo aqui?"
"Não aguento mais."
"Espera mais um pouco."
"Já chega!"

Todo esse dualismo!
Essa confusão.
Esse tédio.
Essa interrogação.

"Um elefante preso pelo barbante."

POBRE PASSARINHO

(POEMA INFANTIL)


Pobre passarinho
Tinha a liberdade
Hoje se empoleira
Atrás de uma grade

Pobre passarinho
Cortaram sua asa
Disseram que a jaula
Era sua casa

Pobre passarinho
Nem canta, tão triste
Não pode mais ver
Tudo que aqui existe

Pobre passarinho
Trancafiado está
Longe do seu mundo
Não pode voar...

Desgraçado homem
Prendeu o passarinho
Quem dera fosse ele
Ali preso e sozinho...

Mas saindo da rima
Saindo do ritmo
E da estrutura
Digo que este homem
Desgraçado homem
Por nunca ser livre
Prende os animais

Pobres passarinhos...



Autor: Jonatas Freitas

domingo, 12 de julho de 2009

While sleeping...

Can you go deeper?
Can you kill me sweetly?

Time passes by me.
Sadness stays behind me.

I'm screaming inside!
Silence watches me.
I hurt me.

I'll try die while I'm sleeping tonight.
Please, kill me!
Kill this monster.
This monster lives...

sábado, 11 de julho de 2009

Desculpe, não me ensinaram a comer caqui!

Eu deveria estar chateada pelo fim de algo que não teve início?
Notei que algo estava diferente.
O silêncio é confuso, mas diz muito.
É só prestar atenção.

Talvez não seja o fim desta epopéia.
Mas prefiro preservar o que me resta de dignidade.
Se preferir a sua própria companhia, fique à vontede.
Vá para onde você quiser.
Fique com quem você quiser.

A valorização do indivíduo começa por ele próprio.
Mas um relacionamento precisa de duas pessoas (normalmente, pelo menos).
Desculpe se não tolero a sua intolerância.
As suas desculpas.
Não pretendo mais alimentar o seu ego.
Cada um deve procurar seu próprio alimento (vegetariano, por favor!).

Se não quer compartilhar a sua dor, desculpe.
Se quiser, estou aqui.
Mas não vou mais insistir.
Quero preservar o que me resta de dignidade.

Ofereci meu ombro, lenço e tudo mais.
Agora se você quiser,
vai ter que vir atrás.











"A mão que afaga é a mesma que apedreja."

(Augusto dos Anjos)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Clara E Ana

Um coração
De mel, de melão
De sim e de não
É feito um bichinho

No Sol de manhã
Novelo de lã
No ventre da mãe
Bate um coração

De Clara, Ana
E quem mais chegar
Água, terra, fogo e ar

Clara, Ana
E quem mais chegar
Água, terra
Fogo e ar


Composição: Maurício Maestro - Joyce

Cantiga de quase roda.

Na roda da vida
lá vai o menino
trazendo contente
um canto no peito
na fronte uma estrela.

Mal chega e descobre
que o mundo é feroz
e o tempo é das sombras.
Os homens caminham
calados, sozinhos,
com medo de amar.

De pena, o menino
começa a cantar.
(Cantigas afastam
as coisas escuras.)

Porquanto ele sabe
que os homens, embora
se façam de fortes,
se façam de grandes,
no fundo carecem
de aurora e de infância.

Na roda do mundo,
ao lado dos homens,
lá vai o menino
rodando e cantando
seu canto de amor.

Um canto que faça
o mundo mais manso,
cantigas que tornem
a vida mais limpa,
um canto que faça
os homens mais crianças.

O menino entrega ao mundo
o dom da sabedoria
que nasce do coração.
Porque é de amor e de infância
que o mundo tem precisão.

Thiago de Mello

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Botão de rosa.

Nos recôncavos da vida
jaz a morte.
Germinando
no silêncio.
Floresce
como girassol no escuro.
De repente vai se abrir.
No meio da vida, a morte
jaz profundamente viva.

Thiago de Mello.

A aprendizagem amarga.

Chega um dia em que o dia se termina
antes que a noite caia inteiramente.
Chega um dia em que a mão, já no caminho
de repente se esquece do seu gesto.
Chega um dia em que a lenha já não chega
para acender o fogo na lareira.
Chega um dia em que o amor, que era infinito,
de repente se acaba, de repente.

Força é saber a mar, perto e distante,
com o encanto de rosa livre na haste,
para que o amor ferido não se acabe
na eternidade de um instante.

Thiago de Mello.

Janela do amor imperfeito

Alta esquina no céu, tua janela
surge na sombra e a sombra faz dourada.
Já não me sinto só defronte dela,
me chega doce o fel da madrugada.

Atrás dela te estendes alva e em sonho
me levas desamado sem saber
que mais amor te invento e que te ponho
sobre o corpo um lençol de amanhecer.

Doce é saber que dormes leve e pura,
depois da dura e fatigante lida
que a vida já te deu. Mas é doçura

que sabe a sal no mar azul do peito
onde o amor sofre a pena malferida
de ser tão grande e ser tão imperfeito.

Santiago do Chile, 1992.
Thiago de Mello.