quinta-feira, 9 de julho de 2009

Janela do amor imperfeito

Alta esquina no céu, tua janela
surge na sombra e a sombra faz dourada.
Já não me sinto só defronte dela,
me chega doce o fel da madrugada.

Atrás dela te estendes alva e em sonho
me levas desamado sem saber
que mais amor te invento e que te ponho
sobre o corpo um lençol de amanhecer.

Doce é saber que dormes leve e pura,
depois da dura e fatigante lida
que a vida já te deu. Mas é doçura

que sabe a sal no mar azul do peito
onde o amor sofre a pena malferida
de ser tão grande e ser tão imperfeito.

Santiago do Chile, 1992.
Thiago de Mello.

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