sexta-feira, 17 de julho de 2009

Monólogo do índio.

Perdido de mim, não sei
ser mais o que fui e nunca
poderei deixar de ser.
De mim me perco e me esqueço
do que sou na precisão
que já tenho de imitar
os brancos no que eles são:
uma apenas tentativa
inútil que me dissolve
na dor que não me devolve
o poder de me encontrar.
Já deslembrado da glória
radiosa de conviver,
já perdido o parentesco
com a água, o fogo e as estrelas,
já sem crença, já sem chão,
oco e opaco me converto
em depósito dos restos
impuros do ser alheio.
Resíduo de mim, a brasa
do que fui me reclama,
como a luz que me conhece
de uma estrela agonizante
dentro do ser que perdi.

Thiago de Mello

Um comentário:

Unknown disse...

eu achei legal pq isto me ajudou bastante em um trabalho de aula...