segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tao, o caminho.

Daoísmo (Taoísmo)

Os antigos chineses, conhecedores das leis da natureza, observaram que em cada fenômeno, desde o desenvolvimento de uma célula até a formação de galáxias, estava envolvido o mesmo processo de criação. Concluíram que, vindo da mesma origem, tudo está conectado. Essa essência misteriosa foi chamada de Dao (Tao), o Caminho.


Tudo é manifestação do Dao, portanto não podemos compreendê-lo racionalmente, apenas senti-lo no estado profundo de silêncio interior. O Dao tem como manifestação o Qì (energia vital), que forma o Universo. Da onda mais sutil à matéria mais densa, tudo é Qì, apenas variando na sua vibração. O Qì tem dois aspectos ou pólos: Yin e Yang. Tudo foi formado a partir da interação entre Yin e Yang, as duas forças opostas e complementares que representam o feminino e masculino, o escuro e o claro, o fraco e o forte, etc. Nada existe sem o seu oposto, pois em cada pólo está contida a semente do outro pólo.

Foi observado ainda que Yin e Yang estão em constante mutação, sempre se transformando um no outro em um ciclo ordenado. Esse ciclo foi dividido em cinco fases, sendo representado por: água (repouso, yin), madeira (exteriorização, yang surgindo no yin), fogo (elevação, yang), terra (transformação), metal (interiorização, yin surgindo do yang). Cada fenômeno do universo pode ser classificado de acordo com os cinco elementos, como as estações do ano, os sabores, as cores, nossas emoções, etc. Do estudo da interação entre essas forças para haver o equilíbrio, vieram as artes taoístas como a Medicina Chinesa, Feng Shui, I Ching, artes-marciais, pintura, etc. Nota-se então que no cultivo do Dao, o sagrado, o científico e as artes andam lado a lado, sempre com o propósito da realização do Caminho Uno.

Muitos ficam na dúvida se o Taoísmo é uma filosofia, uma religião ou seja o que for. É fato que houve uma classificação em termos de Taoísmo religioso (Dào jiào 道教) e Taoísmo filosófico (Dào jiā 道家). No entanto, considero mais apropriado pensar no Taoísmo como uma arte: a de fluir com a vida. Ele é livre, cada um entende como bem quiser os seus ensinamentos. Muitas pessoas das mais variadas religiões adotam-no em suas vidas sem qualquer dilema. Alguns perguntam como o Taoísmo encara Deus, como vê Jesus, como lida com outras religiões, etc. Claro, são indagações pertinentes para se ter idéia de uma doutrina, mas o Taoísmo não comporta tais questionamentos. O Dao remete à liberdade. Dogmas e conceitos vêm do homem, não do Dao. O Dao é infinito, ele é a potência de todas as coisas. Não se questiona o Dao, somente a si mesmo. As dúvidas do homem são o reflexo das respostas em sua própria mente. O Dao nos abriga em seu vazio, nós é que criamos mentalmente as dúvidas e incertezas.

Para quem deseja conhecer mais, a principal obra taoísta é o Dao De Jing (Tao Te Ching), escrito por Lao Zi. É um livro relativamente curto, com 81 versos, expondo de forma poética a visão desse grande Mestre. Há outras obras interessantes para estudo, mas o principal não é o conhecimento intelectual, e sim a prática do Dao no dia-a-dia, integrando o nosso ser ao fluxo natural. Com simplicidade e naturalidade, nos conscientizamos de que o Dao não está distante - é a nossa própria natureza. Não precisamos procurar, basta abandonarmos as idéias que nos separam dele e nos fundirmos à nossa origem.

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